sexta-feira, 26 de junho de 2020

Gatos, luto e pandemia: um momento de acolhimento

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Falar de perdas não é fácil. Como tutores responsáveis, é preciso termos ciência e sensibilidade para nos colocarmos no lugar dos animais. A Covid mudou a realidade deles em geral no mundo todo. Embora cientificamente não esteja comprovado, observamos que o luto acontece de forma muito clara, como por exemplo, entre os elefantes. Quando um deles morre, os outros fazem um círculo em volta do corpo por vários dias, demonstrando tristeza.

Especificamente falando dos gatos, não é muito diferente! Muitos perderam seus tutores nessa pandemia. Laços foram partidos. E como fica o emocional? De repente, uma convivência que era diária - na certeza daquele tutor para brincar, fazer companhia, dormir junto e comer - não voltou mais. E fica a responsabilidade da família e amigos de resolver como vai ficar a vida desse(s) felino(s).

Uns adotam na mesma família, muitos infelizmente são abandonados e outra parte fica para adoção. E quando chega aqui, eis a importância da guarda responsável. Adotar é uma decisão séria. Não é TESTE. É vida sob a sua responsabilidade. E o que estou vendo nesta quarentena é que têm pessoas adotando gatos em luto e deseja que ele chegue como um gato feliz, explorando o ambiente, querendo brincar, comendo bem e tudo mais. E muitas vezes, não funciona assim. É preciso respeitar a personalidade do gato e o momento. E a consequência é devolução! 

Uma adoção de gato em luto é outro panorama. Precisa ter uma certa paciência, esse gato está sofrendo porque perdeu seu tutor e tudo caiu de paraquedas. Houve a quebra da rotina! Nós humanos, sabemos quando um familiar está doente, vai para o hospital, se volta ou não... E o gato???? Sim, os gatos são extremamente sensíveis, mas eles não têm toda a clareza da situação.

Aflora o comportamental, essa retração é observada e alguns gatos podem ficar agressivos com outros gatos ou com o próprio tutor, deixam de comer e começam a arranhar os móveis da casa! Eles normalmente ficam tristinhos e podem ficar também depressivos e o novo tutor não percebe. Ou desencadeia uma doença! Toda a tensão se acumula na bexiga e eles também param de fazer xixi e usar a bandeja sanitária! A ansiedade de separação - se não for tratada corretamente por um analista em comportamento, e em algumas vezes, também em conjunto com o veterinário - pode agravar o quadro e matar esse gato!

Uma dica é ser compreensível, mostrar ao seu gato residente ou novato que está em luto, outras vivências como ouvir uma música relaxante, meditar, pois os gatos espelham muito o comportamento e sentimento dos seus tutores. As brincadeiras devem ser sutis.

É uma fase delicada, de extremo carinho e acolhimento de almas, de uma boa conversa, aquela bem gateiro(a) mesmo “meu amor, eu agora vou cuidar de você. Vou te amar e te oferecer o melhor para você ser feliz. Vamos superar juntos”. Os gatos têm sentimentos e conseguem perceber a linguagem corporal e o tom de voz. Percebem os seus gatos quando se comunica com eles? Uns dizem que o gato só falta falar!

Informação de observação: Um gato pode ficar em luto por meses e até dois anos. Olha só a responsabilidade. Com certeza, você já leu em algum lugar que o gato ou cachorro perdeu o tutor e ele fica visitando o lar ou o local de sepultamento?! Isso é muito comum!

Também acontecem as perdas felinas. Se o seu gato tiver a oportunidade de se despedir de outro gatinho que morava com ele, deixe. Eles também têm esse direito. Vão cheirar e irão registrar essa morte. E não vão ficar pensando onde está meu companheiro(a)? E o tutor, ajuda estando perto, dando esse apoio de forma que eles se sintam seguros e essa confiança entre animal e tutor só aumenta.

E lar multicats? Quando um morre, outro pode começar a dormir onde esse dormia, repetir os hábitos que esse outro gato tinha. E os demais ficam submissos. É uma hierarquia entre eles. Já a casa que tinha dois gatos e um morreu, não adote outro imediatamente. Respeite o luto do seu gato. Espere dois a três meses e proporcione o máximo de carinho e atenção. Procure ajuda se não sentir segurança para fazer a melhor adaptação entre os felinos e, claro, respeite muito a personalidade de seu gato.

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